Redes Sociais lhe deixam pobre

Redes sociais, Facebook, Instagram, cartões de crédito, ostentação, compra de passagem on-line, contato facilitado com amigos que moram em outras cidades, hostel, airbnb, facilidade de pesquisar hotéis e o que fazer em destinos turísticos= BOOM!
Entendeu? Não!? Vou explicar.

Estava por aqui na minha navegando no Facebook e xingando os esquerdistas brasileiros quando me deparei com uma coisa que nunca tinha tido esse insight antes.
Podemos considerar que tudo no mundo tem sua indústria: petróleo, futebol, cinema, café, iogurte, carro, sapato, saúde, educação e VIAGEM.

Todas as indústrias no mundo são atacadas, seja com estudos, seja com opiniões, fatos, achismos, inveja, centenas de coisas, mas uma bem protegida e bem rica e que suga muito nosso dinheiro é a indústria da viagem, essa é sorrateira, bonitinha, paz e amor, todo mundo ama, faz bem, é pra crescimento pessoal, é pra isso e pra aquilo... será mesmo?

Eu posso dizer que sou um cara mais ou menos viajado para a minha idade, sem vaidades, sempre procurei viajar barato e poupando muito, já viajei muito no Brasil, Argentina 3x, África, Oriente Médio e EUA (Hawaii, Illinois e Flórida), só isso, nunca fui na Europa, sempre adiei Europa porque queria ir com namorada ou com amigos em turma, e nunca deu certo, ou eu não tinha dinheiro, ou tempo, ou férias, ou namorada, ou amigos, nunca tive tudo ao mesmo tempo e nem acho que vou ter mais tão cedo, ainda mais com esse preço aviltante do dólar ou do euro.

Mas vamos falar da poderosa indústria da viagem, catapultada por redes sociais, transformando pessoas em turistas de Facebook e Instagram. Sério, pare pra pensar na anti-naturalidade das fotos, das poses, dos encaixes perfeitos, das dezenas de tentativas de fazer boas fotos para postar, da inveja que algumas pessoas querem causar apenas por estar num lugar diferente ou chique. É foda.

A sociedade nos obriga a viajar, os colegas de trabalho tiram férias surreais (de onde esse povo arranja tanto dinheiro?), vejo amigos universitários andando de lancha e iate em praias de sonho, putz, eu na universidade era tão quebrado que bebia cachaça pois ficar bêbado com cerveja ia sair caro, eu e meus amigos de curso íamos para praça de alimentação de shopping tomar 2 chopes e dividir uma coxinha pra quatro pessoas de tira-gosto pois o dinheiro era pouco, pra pagar a conta ainda dava briga!

Tenho notado que todo mês tenho prestação de passagem de avião da TAM ou GOL no meu cartão de crédito, de 400 a 800 reais mensais, às vezes múltiplas passagens de uma vez só, é uma conta altíssima, é revoltante o preço das passagens no Brasil, a exploração do governo, a humilhação que a gente passa sendo mal tratados por essas empresas lixo TAM e Gol.

Essas minhas viagens são lixo, duram 4-5 dias, pra fugir num feriadão, ir rum casamento de alguém, ver a família, nada de coisa fodona, primeiro porque eu perco 1 dia pra ir e um pra voltar, são dois dias só pra transporte (ah mas avião são 3 horinhas de vôo... que nada!).

Tem que se arrumar, pegar transito, chegar no aeroporto cedo, esperar horas, fazer checkin na segurança, conexão, tudo, depois tudo de novo na saída, esperar mala, mais transito e ae chegar no destino com sono ou cansado ou com uma cochilada lixo nesses aviões quentes e sem ar condicionado, enfim, ando bastante cansado de viajar no bananal e ainda mais por poucos dias, feliz é quem viaja de carro mesmo e pra perto e descansa logo numa praia legal, sem ser estuprado pela TAM e pelo governo.

Estou colocando em xeque o tema "viajar" e o sentido que isso faz pra muitas pessoas. Viajei pro Oriente Médio para terminar minha faculdade, eu tinha um propósito, nada pra ficar mostrando ou ostentando nada. Argentina férias 15 dias, barato e pertinho e com câmbio humilhante em cima dos Argentinos, foi a primeira vez que me senti "rico" ou pelo menos classe média, bebia cerveja na balada sem contar (coisa que nunca fiz no Brasil, sério), depois voltei lá a trabalho por 5 dias, a inflação já tinha destruído a festa do Real lá e gastei lá coisa normal igual aqui.

África fui numa época difícil da minha vida, estava sozinho e queria ficar ainda mais sozinho, fiquei 15 dias. A única viagem massa mesmo, tipo férias total e foda-se o mundo foi o Hawaii, fiquei 30 dias lá, catapultei meu inglês, aproveitei dólar a R$ 1,61 e comprei macbook e iPod. Basicamente nessa época eu não ganhava nada e vivia de bicos, mas com vida espartana e juntando dinheiro, ficando em hostel, comendo macdonalds e fazendo compras no Walmart, técnicas avançadas de nutrição (leite de galão com whey proteín pra café da manhã e jantar) almoço chinês mais barato e maior possível. Tudo simples. Viagem para mim mesmo.

Agora o que vejo e discordo é gente (sabidamente) sem tantas condições, sem bons estudos, sem aportar, sei lá, tem alguma coisa errada, sabe a sensação de que as pessoas não se encaixam naquele lugar e tão forçando a barra? Eu não me sentiria bem num iate em Mônaco, tomando whisky em Cannes, jantando num puta restaurante caro no topo de um arranha céu em NY, numa mega piscina em Cingapura, cara, muita gente tá fazendo isso na época errada, desperdiçando o dinheiro da juventude nos aportes, em viagens idiotas pra postar no instagram (sério, essa é a minha sensação).

Tenho conhecidos que fizeram bate e volta na Bélgica pro Tomorrowland, mano, bate e volta NA BÉLGICA! Tem sentido isso? O cara que ganha nem uns 5k mensal, vai gastar 5k em 4 dias pra ir pra uma festa na Bélgica? Não entra na minha cabeça. Não estou dizendo que é errado, não faço julgamento de valor, quem trabalhou e ganhou seu dinheiro que gaste onde quiser, mas não é pra mim.

Essa coisa de viajar é muito riponga, tem toda uma aura de libertação, modernidade, encantamento e crescimento, blábláblá, e conquista muita gente, o marketing na internet é intenso, frases de efeito, fotos de paisagens, promoções, dividindo em 10x, etc etc etc...

Todos os amigos viajando. Que indústria poderosa e que nos suga tanto. Ultimamente estou dando um tempo nas viagens, esse câmbio não dá, e a viagem tem que ter um sentido, não dá pra viajar só pra bater foto como a galera faz, acho que o pessoal perdeu a noção. Vou ficando por aqui. Pense nisso antes de querer viajar novamente. Ela é uma necessidade? Ela vai servir à você ou aos outros? Será que não é muito mais por ostentação? Se for não vá, economize, fique em casa, leia livros, veja documentários, exercite-se, visite seus amigos pessoalmente aí na sua cidade ou então faça algo útil pra você e de graça.

Grande abraço,
Frugal

Comentários

  1. Ótimo Post Frugal, congratulações!

    Vejo isso mesmo, Pessoas gastando e gastando cada vez mais para cada vez fazer mais bonito em redes sociais.

    Tenho 2 amigas que compraram camarote em um show de determinado artista, dividiram no cartão em TANTAS vezes que o Cantor voltou ANTES que elas tivessem acabado de pagar o Show anterior.

    E viagem no fim de ano, e barzinho pelo menos 1x por semana (normalmente duas).

    Também não entra em minha cabeça. Sei lá, não ganham tanto.Não tem condições de manter isso. Não tem reservas para um mês de despesas.

    Mas a matrix é assim. Sejamos a Resistência e criemos nosso próprio destino.

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  2. Excelente post Frugal, como sempre, minha inspiração!
    Compartilho dessa mesma visão, nunca fui hipnotizado pela indústria de viagem, já aniquilei em minha mente diversas ervas daninhas que foram adicionadas pelo sistema, desejos que nunca obteria se não houvesse em exemplos de relacionamentos sociais próximos, como descrevi em um post do meu blog sobre habitat.
    A principio, uma casa no seu bairro, na cidade onde vive, será ainda uma casa em Nova York ou Hollywood, de madeira ou tijolos, mas uma casa. Mesma coisa válida para automóvel ou praias, o que muda de uma praia a outra? Somente o nome, porque costuma ser o mesmo, areia e mar, água.
    Toda essa ilusão é vendida para fazer-nos gastar mais. Compra quem quiser.

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