Análise e compra CPXJ

Montei e estou comprando aos poucos e em pequenos valores uma pequena carteira de ETFs no exterior.
Pensei muito sobre isso e se talvez seria ruim administrar uma pequena carteira no exterior, mas acho que não, ETFs não são como empresas que mudam muito, que sofrem muito com a legislação, que tem muitas notícias todo dia, são bem menos voláteis e muito mais diversificados em ativos e em mercados e setores diferentes. A gente tem que mudar um pouco a mentalidade quando for para comprar ETF, pois é um ativo muito diferente de uma ação de uma empresa normal.
Pra falar a verdade, analisar um ETF me parece ser mais simples do que analisar uma empresa, pois quando você vai analisar um ETF vai comparar ele com outros ETFs e outros mercados. O bom é isso, eles levam um pouco de simplicidade na compra.
O CPXJ pega os mercados desenvolvidos da região do Pacífico exceto o Japão, é mais concentrado em Austrália, Hong Kong, Cingapura e Nova Zelândia. Ele é um pouco puxado para o setor financeiro e concentrado em bancos australianos.
Pelo pouco que sei dos países:
A Austrália tem 25 anos de subida do PIB (sem crise), qualidade de vida boa, população crescente, altamente educada, pleno emprego, economia e política sólidas, liberdade econômica para empreender e negociar. Hong Kong e Cingapura são mercados menores e mais voláteis muito concentrados no financeiro, mas tem leis que funcionam, liberdade econômica, alta renda per capita, baixos impostos para empresas e me parecem ser países organizados.
Vejam que não tem como complicar tanto a análise de um ETF que você encontra toda ela nessa página:
Ele segue o índice MSCI Pacific ex-Japan, é de acumulação, vendido em dólar americano, não paga dividendos, tem taxa de 0,2% a,a e é baseado na Irlanda. Para comprar ele no broker da IB o código acho que foi CSPXJ.
Código ISIN: IE00B52MJY50
O ETF atualmente está num P/E (nosso PL) de 15.26 e num P/B de 1,54.
O CAPE da Austrália está em 16,1, Hong Kong 15,8, Cingapura 11,4 e New Zealand 22.
O CAPE do ETF não mostra diretamente mas é só calcular as somas das médias ponderadas dos países e dividir. Como a Austrália tem 60% do peso do ETF, vai ter 60% do peso do CAPE australiano também e por aí vai.
Vamos ver por pesos, setores e retornos como anda o ETF.
Gosto mais de ver o retorno cumulativo do que o discreto pois dá uma idéia melhor de como o ETF se comportou.
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Nas top 10 stocks por peso de alocação do ETF temos:
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Olha a BHP Billiton aí em cima, essa é uma das maiores mineradoras do mundo (infelizmente aquela mesma da tragédia de Mariana), acho que juntamente com a Rio Tinto e a Vale essas devem ser as três maiores. A economia da Austrália é muito dependente de commodities assim como a do Brasil.
O de maior peso é o Commonweatlh bank of australia e depois o westpac.
Outra gigante é o AIA group (seguradora).
Veja o primeiro parágrafo do AIA group na wikipédia:
AIA Group Limited [2] known as AIA (Chinese友邦保險控股有限公司) is the largest independent public listed pan-Asian life insurance group. It has a presence in 18 markets in Asia-Pacific, wholly owned branches and subsidiaries in Hong Kong, Thailand, Singapore, Malaysia, China, Korea, the Philippines, Australia, Indonesia, Taiwan, Vietnam, New Zealand, Macau, Brunei, a 97% subsidiary in Sri Lanka, a 26% joint venture in India, and representative offices in Myanmar and Cambodia.
Quando eu não conheço algumas empresas do ETF eu dou uma pesquisada pra saber pelo menos do que se trata, mas não ao ponto de ir ler release ou ir pesquisar a stock em si.
Na compra de um ETF você tem que saber que está levando as ações de todas essas empresas junto e claro com as vantagens e desvantagens que isso implica, não dá pra ganhar em tudo. O que lhe faz comprar o ETF é SUPOR que o somatório geral vai ser positivo, apesar de saber que tem empresas ruins dentro também, tem que aceitar isso, se fosse pra comprar só empresa boa era só comprar uma por uma e partir para o stock picking que já foi discutido aqui no post passado.
Você também pode pesquisar a página desse ativo na página do MorningStar:
Pra quem gosta de ver o retorno anualizado aqui vai a tabelinha do MorningStar:
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Veja na terceira linha o retorno do índice desde 2006 (pois o ETF só começou em 2011). E que bela recuperada no pós crise de 2008! Na última linha o YTD significa (do começo do ano pra cá, tipo do dia 01 de janeiro até o dia que você for ver a tabela, no caso hoje até 16 de dezembro).
Uma última coisa importante é o tamanho das empresas do portfolio, você consegue ver isso na aba “portfolio” no MorningStar:
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Temos 63% de empresas gigantes, 30% large e 5,77% medium.
Note que uma empresa “medium” dessas já deve ser maior do que a maioria das grandes empresas da bovespa e uma única empresa “giant” deve ser maior do que o valor da bovespa toda.
O somatório do DY dá 5,53% que comprando o ETF nós não iremos receber, a própria ishares vai reinvestir os valores automaticamente comprando mais ações e assim aumentando o número de ações do fundo. Veja que aqui não tem nada a ver com os EUA e nem com aqueles 30% que os EUA cobram dos NRA. Esse investimento não é nos EUA, apenas a corretora é nos EUA, e os EUA não podem lhe taxar por comprar em ativos baseados em outros países. Pra falar a verdade não sei quanto vai ser de fato taxado desses dividendos devido ser em muitos países, mas no relatório anual da BlackRocks eles colocam, e é bem menor que 15%.
Basicamente é assim que eu fiz pessoal, primeiramente uma análise macro dos mercados e países envolvidos (não coloquei aqui, é uma coisa mais de conhecimento de mundo e de leituras variadas), depois uma análise do índice MSCI no tempo histórico e depois uma passada na página do ativo na ishares e também no morningstar. Acredite que em 20 minutos dá pra fazer tudo isso e comparar o ETF com outros disponíveis por aí.
O que me fez gostar mais desse ETF é o alto peso australiano nele, e também a vontade de investir em Cingapura e HK que são mercados civilizados, dolarizados, robustos e com bom capital humano, político e econômico.
Na minha carteira internacional comprei e postei aqui:
Berkshire Hathaway (64 empresas)
CSPXJ (150 empresas)
Grande abraço,
Frugal.

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